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Pitágoras X vegetarianismo


Enquanto o homem destruir impiedosamente os seres animados dos planos inferiores, não conhecerá a saúde nem a paz.

Enquanto os homens massacrarem os animais, eles se matarão uns aos outros. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode colher a alegria e o amor.




Os animais dividem conosco o privilégio de ter uma alma.




A carne é o alimento de certos animais. Todavia, nem todos, pois os cavalos, os bois e os elefantes se alimentam de ervas. Só os que têm índole bravia e feroz, os tigres, os leões etc. podem saciar-se em sangue. Que horror é engordar um corpo com outro corpo, viver da morte de seres vivos.


Escolha uma maneira sã de viver, por mais dura que te pareça, o hábito a tornará agradável.


Que a preparação de teu alimento dure menos tempo que demora para comê-los.


Pitágoras, filósofo e matemático grego, nasceu em 570 a.C. e morreu em 490 a.C.


Todos os que aprenderam geometria plana sabem alguma coisa de Pitágoras, famoso por formular o teorema que tem o seu nome.


Mas poucos sabem que Pitágoras foi um vegetariano devotado... com uma diferença.


Embora todas as carnes ficassem de fora, nem todos os alimentos vegetais eram aceitos.


É que Pitágoras tem uma opinião estranha, alguns diriam até sinistra, sobre o feijão.


Na dieta que passou a ser conhecida como “pitagórica”, expressão sinônima de dieta vegetariana até quase o século XX, os feijões eram estritamente proibidos.


Durante quase 2.500 anos, ninguém seria vegetariano de verdade se... comesse... feijão.


Por quê? Por que esta proibição decidida contra os feijões?


Em todos os aspectos, responde Pitágoras, o feijão não é para consumo humano.


Quanto à prova, esta é sempre a mesma. Sabemos que o feijão não é bom para o nosso corpo, não é bom para a nossa mente, não é bom para a nossa alma, devido à sua notável ligação com a... flatulência.


Com certeza, raciocina Pitágoras, deve haver alguma coisa errada no feijão para que ele provoque esse tipo de distúrbio audível.


Quando o poeta Robert Browning escreve [com sarcasmo] sobre um amigo: “o que [mais] o comovia era (...) um certo prato de feijão”, acrescenta a sua voz à verdadeira tradição vegetariana/pitagórica: ninguém ficaria comovido daquele jeito se simplesmente se abstivesse de comer aqueles horríveis feijões.


O texto vegetariano clássico de Pitágoras intitula-se “Do consumo da carne”. Os que conhecem esta obra sabem que, nela, Pitágoras defende a transmigração das almas.


De acordo com Pitágoras, os animais não humanos são seres humanos reencarnados.


As vacas e porcos podem parecer-se com vacas e porcos mas, para dizer a verdade, são realmente seres humanos vestidos (por assim dizer) como vacas e porcos, pelo menos por algum tempo.


Portanto, a justiça e a compaixão demonstradas a vacas e porcos são justiça e compaixão demonstradas a seres humanos (apesar de toda a aparência contrária).


Não é preciso dizer que os ensinamentos de Pitágoras sobre a transmigração das almas não teve boa aceitação na ortodoxia do judaísmo e do cristianismo.


Em nenhuma destas tradições os seres humanos, apesar de serem animais, são rebaixados (nem mesmo temporariamente) à condição dos outros animais.


Se tudo tivesse tido diferente, se a idéia da transmigração de almas se mantivesse e configurasse a nossa tradição religiosa predominante no Ocidente, quem sabe o vegetarianismo pitagórico viria a tornar-se a ortodoxia dietética do nosso mundo — com a conseqüência, é preciso notar, de que os vegetarianos de hoje não comeriam tantos e tão diferentes tipos de feijão, e deixo a outros a tarefa de estimar com que benefício para a camada de ozônio.


Tom Regan - palestra no 1 Congresso Vegetariano Brasileiro e Lation-americano - texto enviado, pois por força maior não pôde comparecer.

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